Quando trabalhar não dá saúde


Milhões de trabalhadores europeus são afectados por lesões músculo-esqueléticas em resultado da sua actividade. Esta é a doença profissional com maior incidência e que tem altos custos.

Sofrem os trabalhadores, com as dores nas costas, ombros, braços e pernas, que muitas vezes os impedem de trabalhar e lhes reduzem os rendimentos. Também fica caro aos empregadores, porque esta é a maior causa de absentismo dos trabalhadores e mesmo quando estão no posto de trabalho, não produzem tanto. A sociedade, por seu turno, é penalizada pelos custos que as baixas médicas e os tratamentos têm para a Segurança Social e Saúde.

Estas são algumas das conclusões do estudo que vai ser apresentado esta segunda-feira, em plena Semana Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, numa conferência dedicada ao tema e que tem o apoio das presidências alemã e portuguesa.

O estudo é da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, que está a promover uma segunda campanha dedicada às lesões músculo-esqueléticas, devido à sua grande incidência.

A situação melhorou, mas, na União Europeia, 24% dos trabalhadores dizem sofrer de lombalgias e 22% queixam-se de dores musculares. Nos novos Estados-membros, as duas lesões são, ainda, mais frequentes.

A Agência considera que a solução passa por uma acção concertada entre trabalhadores, empregadores e Governos, na definição de políticas e adopção de boas práticas e cumprimento das regras básicas de saúde, higiene e segurança nos locais de trabalho.

O estudo conclui ainda que todos em geral têm necessidade de mais formação nesta área. Até os chamados "médicos de família", que são os primeiros a quem os queixosos se dirigem. Embora a sensibilidade esteja a aumentar, ainda são poucos os clínicos que estabelecem uma ligação entre os sintomas do doente e a respectiva actividade profissional.

Por isso mesmo, os dados que já existem não reflectem a verdadeira realidade das doenças profissionais. Apesar de tudo, os que já se conhecem são suficientes para que a União Europeia já tenha decidido que as lesões músculo-esqueléticas são uma área prioritária na definição da Estratégia sobre Saúde e Segurança no Trabalho.

Luís Lopes, Coordenador Executivo para a Promoção da Saúde no Trabalho, da Autoridade para as Condições de Trabalho corrobora as conclusões deste estudo e, em declarações à Renascença, aconselha os trabalhadores a “realizarem as suas tarefas em funções e posturas correctas” e os empregadores, porque as causas destas lesões musculo-esqueléticas passam, muitas vezes “pela organização do próprio trabalho”.

(fonte: Radio Renascença)