Queijo trava crise e abre alas à reinação
Aguardada com muita expectativa por artesãos e amantes de um produto singular, para muitos considerado "o melhor do mundo", a XVIII Feira/Festa do Pastor e do Queijo de Penalva do Castelo volta a abrir, na próxima semana (ver caixa), o ciclo de certames que durante dois meses ditarão um novo ritmo na vida das gentes serranas.
As iniciativas programadas "suspendem" uma crise que não poupa pastores e queijeiras, mas não a branqueia. Que o diga a Câmara Municipal de Celorico da Beira que já este mês, "preocupada com os seus produtores" e "temendo ver desaparecer uma parte importante do seu património", decidiu ajudar as queijarias licenciadas a certificarem a qualidade dos seus produtos.
Com 36 queijarias licenciadas, a autarquia contratou uma empresa na área da segurança alimentar para ajudar os produtores a assegurar o processo de certificação de HACCP (Análise dos Perigos e Controlo dos Pontos Críticos).
"Esta iniciativa irá custar aos cofres camarários cerca de 500 euros por cada produtor que assinou o protocolo", lembra o presidente da Câmara de Celorico da Beira, José Monteiro, satisfeito por poder ajudar os produtores a economizarem aquela importância.
"Os dias de festa que se aproximam fazem justiça aos homens e mulheres que trabalham todo o ano e têm uma rentabilidade diminuta", sustenta Leonídio Monteiro, presidente da Câmara de Penalva do Castelo (CMPC).
O autarca recorda que a feira/festa do seu concelho, que já vai nos 18 anos de realização continuada, "é a forma de as queijeiras escoarem o produto que têm em casa. E, tal como acontecia antigamente, poderem com o dinheiro obtido ir à loja comprar outros bens de primeira necessidade", explica.
O facto de os próximos meses serem de "festa e de fartura", não faz esquecer "a crise que afecta esta actividade artesanal".
Leonídio Monteiro assume que uma das suas preocupações é "ajudar os produtores de queijo a ultrapassarem os problemas", mas avisa que há alguns que se arrastam à espera de solução.
"A certificação do produto continua a ser muito cara. Uma situação que leva a maioria, mesmo entre os que têm as queijarias licenciadas (11), a recusar essa possibilidade", lamenta o autarca.
Penalva do Castelo tem cerca de 40 produtores: até aos 40 anos 18%; entre os 40 a 50 anos 20%; entre os 50 e os 70 anos 44 %; e a partir dos 70 anos 18%. Possui vários rebanhos num total estimado de 3500 ovelhas bordaleiras.
(fonte: Jornal de Notícias)